sábado, 23 de abril de 2011

Por que fracassamos em 2011?

O ano de 2011 começou cheio de expectativa para o torcedor juventino. Uma parceria com um grupo endinheirado, gestão profissional, marketing e elenco e comissão técnica de gabarito prometiam que fariam o time voar.

No entanto, em campo, a desclassificação para a segunda fase do Paulistão A3, afastando o sonho da volta à elite do futebol no Estado - e pior, uma ameaça de cair para a quarta divisão - transformaram os sonhos em pesadelo.



Neste especial em parceria com o Blog do Juva, apontamos os passos da frustrante jornada juventina em 2011.

DESCONFIANÇA DA PARCERIA
O Juventus esteve próximo de fechar uma parceria com o site Meu Time de Futebol (MTDF), que reúne adeptos e fundos para adquirir um time e geri-lo democraticamente por meio da internet. Esse projeto pouco usual e inusitado foi inspirado na experiência do My Football Club, site que administra o capenga Ebbsfleet United, da sexta divisão inglesa.

As revistas Exame e ESPN davam como certo o negócio, até que a diretoria do Moleque Travesso emitiu comunicado oficial negando interesse. O MTDF acabou fechando com o Maguary, da segunda divisão cearense.

A pressão da torcida e dos sócios e conselheiros do Juventus foram os principais entraves à parceria com o site. Esta mesma pressão se transferiu à parceira Planinvesti, que assinou com o clube meses após o episódio Meu Time de Futebol. A desconfiança exigiu esforços dos novos investidores, que precisaram apresentar, de forma transparente, seus interesses.

FORA DE CAMPO, MUITO BARULHO
A parceira logo nomeou o ex-jogador do Corinthians, Bayern e Seleção Brasileira Paulo Sérgio como diretor de futebol. Este, por sua vez, anunciou Viola e Gilmar Fubá como reforços, ganhando repercussão na imprensa.

A equipe de marketing contratada também investiu em buscar apoio da torcida, oferecendo transporte aos jogos fora de casa, eventos festivos, camisas retrô, produtos licenciados e planos de sócio-torcedor. Porém, nada disso aconteceu. Os jogadores figurões não vieram, atividades de marketing como um jogo amistoso foram cancelados e outros sequer saíram do papel.



O uniforme foi apresentado em evento na sede social do clube, que contou com o apoio do blog Manto Juventino e cobertura em tempo real do site Minhas Camisas.

Como pontos positivos, destaca-se a mudança dos jogos em casa em fins de semana do domingo de manhã para o sábado à tarde, bem como a proibição de camisas de times rivais, medidas tomadas após sugestões da torcida. O veterano goleiro e ídolo da torcida Marcelo, de volta, o volante Ramalho (ex-São Paulo e Santo André) e o meia e lateral Marco Aurélio (ex-Santos e Paysandu) eram os atletas mais conhecidos do plantel.

EM CAMPO, UM MAU COMEÇO
Logo na estreia em Paulínia, o Juventus tomou um 3 a 0. A torcida, bem recebida pelos dirigentes da parceria, deu um voto de confiança ao grupo. Mas sentia que o elenco montado era muito inferior ao do ano anterior, montado totalmente pelo clube. Os jogos seguintes viriam a confirmar esta impressão: vitórias com sacrifício, muitos gols perdidos e saldo de gols baixíssimo.

MULHER DE MALANDRO
O técnico Karmino Colombini, responsável pela pré-temporada, largou o clube após a terceira rodada da competição, atraído por uma boa proposta do S.C. Barueri, quando o time começou a se acertar em campo e ocupava o G4. Paulo Sérgio protestou contra a atitude que considerou antiética do treinador.

Os atletas que pareciam poder evoluir com Karmino se perderam completamente e o novo técnico, Ivo Secchi, não conseguiu dar padrão de jogo ao time.



MOMENTO TABAJARA
Com Ivo Secchi o Juventus fez uma campanha digna de rebaixamento: uma vitória, quatro empates e três derrotas. Os jogadores pareciam abalados. Não conseguiam acertar sequer passes curtos, não chutavam a gol, não tinham jogadas ensaiadas e não tinham controle emocional. Em todos os jogos, pelo menos um foi expulso.

A queda de produção coincidiu com um momento ruim do goleiro Marcelo, que falhou seguidas vezes dando gols aos adversários.



O Juventus reabilitou três times que amargavam a lanterna do campeonato. Flamengo, Inter de Limeira e Barueri conseguiram vencer o Moleque Travesso.
A cada jogo, o público na Rua Javari diminuía. O futebol ruim desagradava a todos.

ELES ESTÃO DESCONTROLADOS
Serginho e Rafinha foram a imagem do nervosismo. Expulso contra o Paulínia na única vitória sob o comando de Secchi, Serginho teve atitude hostil contra a torcida, pegou gancho de 5 jogos e nunca mais vestiu a camisa grená. Rafinha arremessou uma garrafa d'água nos torcedores que protestavam atrás do banco de reservas na partida contra o Flamengo que derrubou o comandante.

O Moleque Travesso amargava grave crise, estava na zona de rebaixamento para a série B do Paulistão - a quarta divisão - e começavam os boatos que sempre surgem em momentos de dificuldade: a ameaça de fechamento do departamento de futebol profissional.



NÃO ROLOU QUÍMICA
Os juventinos perderam a paciência. Foram cobrar na saída do estádio da Rua Javari explicações para o desastre contra o rubronegro guarulhense.

No momento mais crítico do ano, a torcida foi acusada de prejudicar a equipe com seus protestos e sua pressão. Salvo raras exceções, como o goleiro Marcelo e o meia Nem, os atletas pareciam não ter tido nenhuma identificação com a camisa que vestiam e o clube que defendiam.

Na internet tudo parecia bem. Pelo Twitter, o gerente de futebol Paulo Sérgio somente dizia que alguns jogadores precisavam "mudar de atitude".

Curiosamente, a derrota que fez Ivo Secchi cair do comando do clube foi noticiada na imprensa como "inesperada" e o trabalho desenvolvido era digno de elogios. Mas não era bem assim.



A NOVA ATITUDE
Muitas coisas mudaram após o fatídico jogo contra o Flamengo e o tête-à-tête dos dirigentes com os torcedores na saída da Javari.

Paulo Sérgio desapareceu do Twitter, embora continuasse participando frequentemente de jogos de showbol na televisão. Não falou mais sobre o time, exceto em notas divulgadas à imprensa.

A equipe de marketing, que batia cabeça com a direção da parceira, deixou de prestar serviços, enterrando o projeto do terceiro uniforme, do qual o blog Manto Juventino havia sido convidado a participar.

Karmino Colombini, demitido do S.C. Barueri, voltou ao Juventus repetindo a passagem bíblica do filho pródigo. Marcelo, lesionado, deu lugar a Maurício, que fechou bem o gol. O time recuperou um padrão de jogo e passou a jogar com mais calma. O festival de cartões vermelhos também teve um fim.

A GRAÇA DE SANTO EXPEDITO
A caminho de Taubaté, os abnegados torcedores juventinos encontraram num posto de gasolina de beira de estrada um maço de santinhos de Santo Expedito. Pediram ao santo das causas impossíveis a salvação do time do rebaixamento.

A prece começou a dar resultado no estádio Joaquinzão. O Moleque Travesso venceu o Burro da Central numa incrível virada aos 46 minutos do segundo tempo, com um jogador a menos. Gol do reserva Rodinei que, como Robson Lino, cresceu nas rodadas decisivas. A partir deste momento, o santo "blindou" o Juventus.

REAÇÃO TARDIA
O Juventus conseguiu se recuperar nas últimas rodadas do campeonato. Em exibição de gala em Itapira, enfiou 4 a 0 na Itapirense, com gols dos contestados Marco Aurélio e Neizinho. Todos se perguntaram por que esse bom futebol só foi aparecer na penúltima rodada da competição.

Tendo escapado da degola e com chances matemáticas de classificação para a segunda fase, em razão do baixo nível técnico do torneio que fez vários times ficarem empatados em pontos, o Moleque Travesso acabou não conseguindo prosseguir apesar de derrotar o Taboão da Serra, em casa, e foi eliminado do certame. A fatídica derrota para o Flamengo pesou, pois justamente por uma vitória a mais do que o Juventus o rubronegro avançou.

A última informação dos lados do clube é a de que todos os jogadores e o gerente Paulo Sérgio foram desligados, e que o elenco será montado a partir da Copa Paulista, para servir de base para o próximo estadual. Parece bom.

Fortes e breves emoções (porque durou apenas quatro meses o Paulistão para o Juventus) em 2011. Voltaremos a campo no segundo semestre. E voltaremos a ser primeiros, como em 83.

colaboraram Renato Corona e Guilherme Conde

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