terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Dia em que virei Juventino - por Ciro Koyama

Lendo o post inaugural da coluna “O dia em que virei Juventino”, do blog “Manto Juventino”, uma questão passou a ocupar boa parte dos meus pensamentos nos últimos dias.
Afinal, quando exatamente eu virei juventino?

A versão eletrônica do Dicionário Aurélio, em uma das muitas definições para o verbete “virar”, apresenta-nos a forma predicativa deste verbo como sinônimo de “transformar-se”, “tornar-se”. Pois bem, seguindo o ponto de vista linguístico, percebi, aflito, que não sei exatamente quando sofri a metamorfose grená e deixei para trás outros interesses clubísticos para me dedicar com exclusividade ao moleque travesso da Rua Javari.

Gostaria que a minha resposta saísse de uma forma simples e natural como a do colega torcedor Afonso Quintana, que, comentando aquele post inaugural, afirmou sem titubear: “Nunca virei Juventino, pois nasci Juventino. Nunca vesti outra camisa sem ser o Manto Grená”. Como queria que fosse fácil assim! Uma réplica singela, mas sincera e descomplicada. No meu caso, infelizmente - ou felizmente? - a paixão clubista parece não ter vindo do berço.

Explico. Fazendo um sucinto balanço de meu histórico futebolístico, o meu primeiro clube de futebol foi o Palmeiras, que me foi imposto por ocasião de meu nascimento por um fanático padrinho palestrino. Dos meus primeiros anos de vida até o ingresso no ensino fundamental fui um torcedor esmeraldino, em uma época em que as partidas de futebol me despertavam pouco ou nenhum interesse. Obviamente não me lembro quando “virei” palmeirense, já que considero nunca ter sido um verdadeiro palmeirense. Nos anos seguintes, já no começo da década de 90, passei a acompanhar, junto a meu velho, um são-paulino moderado, os jogos do Tricolor e sua escalada nas competições continentais, amadurecendo a experiência de ser torcedor e matando de desgosto o padrinho palmeirense. Foi assim durante mais de uma década, comemorando alguns títulos do São Paulo, lamentando muitos títulos de rivais, assistindo três Copas do Mundo com dois títulos e um vice para a seleção, descobrindo ligas internacionais... E como tinha escolhido “virar” são-paulino tudo parecia bem natural, imaginava que seria um torcedor daquele time para sempre.

Só não contava que aquela sensação duraria apenas até o dia 15 de janeiro de 2006, data da reestreia do Juventus no Campeonato Paulista da Série A-1, logo após levantar a taça da Série A-2 do ano anterior. Foi essa a data do meu primeiro jogo profissional nas arquibancadas da Rua Javari.

Digo profissional porque em 2005 eu havia assistido “in loco” um jogo pela primeira rodada da Copa São Paulo de Juniores, contra o time do Força Esporte Clube, partida que hoje soa como uma metafórica preparação para minha estreia no time de cima - ironicamente contra um time fundado em 2001, ligado à Força Sindical de São Paulo, genuíno representante do odioso “futebol moderno”. No campo, o placar foi um 2-2 com sabor de derrota, já que o Força conseguiu o empate no finalzinho do segundo tempo.

Voltando à “estreia no profissional”, aquela de janeiro de 2006, segue um breve relato das boas memórias que guardo daquele dia. Após abrir dois gols de vantagem, o Juventus relaxou e permitiu o empate do time de Sorocaba, que marcou o segundo gol já nos acréscimos da etapa complementar, logo me trazendo à mente as amargas lembranças do empate do jogo do ano anterior contra o Força E.C.. Porém, como diz um dos muitos jargões futebolísticos, “o jogo só acaba quando termina”: após a saída de bola, o Juventus conseguiu uma falta perto do meio campo e mandou todos os jogadores pra dentro da área do São Bento, conseguindo na base da raça um gol milagroso que selou a vitória por 3-2 - cortesia do bom zagueiro Max Sandro - e levou ao delírio a torcida que compareceu em bom número ao estádio. Dessa vez, diferente do jogo da “Copinha”, a mística do gol no final do jogo veio a nosso favor! E justamente no último lance da partida, em jogada de bola parada, história que se repetiria de forma dramática num futuro próximo... Ah, somente os fortes entenderão!

A partir de então, tenho acompanhado o esquadrão grená na maioria dos jogos em casa e também em alguns fora, como no épico 5-4 - jogo de quatro viradas - contra o Nacional no Estádio Nicolau Ayalon (Copa FPF 2008 - atual Copa Paulista) e na recente “derrota do acesso” em Osasco.


Diante de todas estas memórias, tentei sintetizar uma resposta à pergunta feita nas primeiras linhas deste texto:

Todo mooquense, nato ou “estrangeiro”, é juventino em maior ou menor grau. Só que, como muitos, eu não sabia disso. Só fui descobrir naquela abençoada tarde de domingo. Nos últimos anos, acompanhando de perto as campanhas do Juventus, descobri pouco a pouco o que significa torcer de verdade. Descobri o prazer no triunfo e também o sofrimento na derrota - sofrimento real, sincero, diferente daquele sofrimento romantizado e transformado em marketing por outros times. E, embora não consiga apontar com exatidão a data em que fui tomado por este sentimento, posso afirmar, com certeza, que “viro” mais juventino a cada jogo e meu coração se torna mais grená a cada batida!

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Dia em que virei Juventino - por Marcos Pires


Uma vez meu pai me levou na Javari, acho que lá pros idos de 97, no auge dos meus 11 anos. O jogo não me lembro o que valia, mas lembro que era contra o Ji-Paraná.

Lembro também que teve gol marcado por um tal de Éder. Lembro como ontem a sensação de entrar pela primeira vez na Javari, foi algo muito marcante . Sentei nas cobertas, meio do campo, mesmo lugar que fico hoje. Era cimento, não tinha banco, não tinha pintura... Era só o cinza e as marcas de cagadas de pombos que ficavam empoleirados livremente nas cobertas. Repetimos esse programa por mais algumas poucas vezes, e ganhando ou perdendo, sempre foi um momento muito bacana que eu tinha com meu pai.

Meu pai vira e mexe ia nos jogos, mas por muitos e muitos anos não voltei mais... Não sei porque, mas não fui...

Isso até a Copa Paulista, de 2009. Mais uma vez acompanhei meu pai ao jogo... A sensação de entrar na Javari estava lá novamente, exatamente a mesma sensação de antes.

Dessa vez a Javari estava mais arrumada, cadeiras nas cobertas, sem pombos, tinha alguns dos mesmos senhores de muitos anos atrás e agora uns caras mais novos...

Enquanto isso o Juve passava pela pior fase da história pois tinha acabado de cair para a A3. O jogo foi contra o Pão de Açucar, um 0x0. O jogo em si foi ruim, mas zuar esses jogadores de empresários, jogadores de mentira, não tem preço. Fase ruim, placar desanimador, qualquer idiota deixaria para voltar na Javari quando o time estivesse pop novamente, mas quando eu saí da Javari, voltando pra casa com meu pai eu percebi o quanto aquele momento tinha sido bom. Quantos e quantos anos eu não tinha feito um programa só eu e o meu pai? Uns 10, 12 anos talvez... E no domingo seguinte lá estávamos nós novamente e por aí foi...

Acompanhei todo os jogos de final de semana na Copa Paulista 2009 e na A3 de 2010 e cada jogo alguma coisa ia ficando diferente. Aquele puta sufoco, aquela agonia de não saber se vai classificar ou não, jogos roubados, mas por mais difícil que fosse o jogo, entrar na Javari era uma forma de terapia pra mim.

E o momento que eu mandei tudo às favas e virei juventino foi naquele Juventus x Atlético Araçatuba que ganhamos de 2x1 com um gol meio de bicicleta e conseguimos a classificação pra segunda fase na bacia das almas, na ultima rodada, por 1 ponto... Porra, aquilo foi muito foda, todo o sufoco, toda a incerteza, e conseguir aquela classificação na raça, no suor, daquela forma foi uma emoção que nunca poderia ter sido proporcionada por nenhum outro time e eu tive o privilégio de sentir aquilo com apenas outros poucos malucos, entre eles meu pai. E não poderia ter sido proporcionada por nenhum outro time porque em nenhum outro lugar tem tanta história em jogo,

história não só de um time, mas de um bairro inteiro, em nenhum outro lugar tem essa relação jogador/torcida, em nenhum outro lugar você pode conversar, incentivar e, cobrar um jogador como na Javari...

Lá ninguém é apenas mais um, todos são parte fundamental.

Ninguém é apenas mais uma voz na multidão.

Entendi que não preciso torcer pro time da moda, pro time que passa na TV, pro time em que por pior que seja o jogador ele ganha seus 100 mil por mês graças ao empresário e investidores.

Hoje posso dizer que eu torço pro MEU time, pro time do MEU bairro, pro time que ainda guarda o romantismo do futebol, onde tem jogadores que não são badalados, que precisam se superar pra colocar a comida na mesa. Jogadores que comemoram com a torcida, que pulam no alambrado, que sabem que você está lá. Jogadores que ainda não foram contagiados pelo vírus do futebol moderno de chuteiras coloridas e cabelos moicanos. Torço pro time que eu quero que ande sozinho, sem interferência de empresários, de diretores, de grupos, de acionistas, que me dá orgulho independente de qual campeonato esteja disputando.

Não existem milhões de pessoas como eu, existem apenas eu e algumas centenas, talvez poucos milhares e para nós só o Juve basta!

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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O problema na numeração

As camisas Joma fabricadas pela MR Sport vêm apresentando um problema que é comum nos uniformes esportivos atuais: a numeração aplicada nas costas com prensa térmica (o chamado "transfer") descola da camisa após seguidas lavagens.

O Juventus teve este problema na partida contra o Marília, fora de casa, na fase decisiva da Série A3, no primeiro semestre. Em uma sequência de jogos no interior, os fardamentos do clube foram lavados e apresentaram sinais de desgaste na numeração. Foi necessária uma operação de emergência: uma van que levava torcedores para assistir ao jogo no Estádio Bento de Abreu foi encarregada de levar a preciosa carga de camisas para serem usadas em tal jogo. Os torcedores benzeram as camisas durante a longa viagem e o Juventus venceu por 5 a 3.

Nas últimas rodadas da Copa Paulista, aparentemente o problema voltou a ocorrer, mas adotou-se solução diferente. Foi estampada em tinta e silk-screen a numeração nos jogos de camisa utilizados nos últimos jogos. A curiosidade é que o padrão de numeração adotado é o da Adidas da Copa do Mundo de 2006. Até então a MR Sport vinha utilizando um estilo semelhante ao do Corinthians/Nike de 2010.




Fotos retiradas do Fábio Blogging.

Este problema não é exclusivo da Joma, embora as camisas dos primeiros lotes, do começo do ano, parecem sofrer menos do problema. Camisas de futebol realmente são peças de vestuário muito frágeis e, se o torcedor ou colecionador quiser tê-las em bom estado por muito tempo, deve evitar a todo custo quando as estiver vestindo se encostar em sofás, bancos de carro ou usar mochilas nas costas.

Parece exagero, mas o atrito constante com tais superfícies pode fazer os apliques de patrocínio, nome de jogador e numeração desgrudar ou desgastar e o dano é inevitável. Esfregar ou torcer a camisa na lavagem, nem pensar! Mas, mesmo assim, as estampas podem querer descolar. Uma medida que talvez solucione o problema seja passar ferro nos apliques, com o cuidado de colocar um pano ou toalha sobre a camisa, para evitar que as estampas grudem no ferro.

domingo, 9 de setembro de 2012

O Dia em que virei Juventino - por Julio da Ju-Jovem


Depois que me casei vim morar aqui na Mooca. Em 2004 eu escutava o grito da torcida do Juventus quando fazia gol, pensava muito em parar de torcer para times grandes (na época torcia para o Corinthians). Resolvi num domingo passar pela Javari e estava tendo um jogo, eu acho que era campeonato paulista, e resolvi entrar.

Fiquei nas cadeiras cobertas,tinha comprado a camisa do Juventus na loja do Miojo, não conhecia ninguém. Então desci de onde estava e fui atrás do gol do setor 2. Lá conheci o Sergio da Ju- Jovem, comecei a me enturmar com o pessoal. O Sergio me deu uma camisa da ju-Jovem e fiquei lá com ele, e assim fui me enturmando e ficando mais fanático por esse time pequeno mas com uma torcida apaixonada!!!!

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domingo, 2 de setembro de 2012

Retratos da Javari - o garoto

foto: Rebeca Simone

Equilibrado num poste metálico que sustenta o alambrado atrás do gol da Seção 2 do estádio da Javari um menino humilde, com suas roupas sujas e sandálias havaianas nos pés, que imagino, pelos trajes, ser um dos sem-teto que ocupa o prédio abandonado atrás do estádio, canta as músicas da torcida, apoiando o Juventus. Canta forte, canta alto. Canta mais do que muita gente bem alimentada e endinheirada, que vai ao jogo mudo, volta calado e se acha no direito de criticar a torcida.

Se chama Robinho. Torcedores pagam o ingresso para que ele entre no estádio e se apresentam como responsáveis, caso contrário a polícia não autoriza a entrada.

E basta o jogo acabar para que ele e outros coleguinhas pulem a grade, adentrem o campo de jogo, e com as luvas que ganhou de algum arqueiro e a bola que caiu fora do campo, jogam, um jogo mais importante do que o que acabou de acabar. Outros torcedores se juntam ao grupo e também participam.

O menino, feliz, ainda acha um número 1 caído no gramado, deve ter se soltado de alguma dessas camisas modernas que se desmancham apenas por serem vestidas.

E viva o futebol.

O prédio em que ele vive é a antiga Creche "Ninho Jardim Condessa Marina Regoli Crespi", lugar de cuidar de criança, mas que hoje, abandonado, virou um cortiço. O edifício tem uma arquitetura valiosa e será tombado. O que será do menino e da família, não sei. Um dia certamente terão que deixar aquilo que ele chama de lar. Somente uma coisa é certa: será sempre um juventino.

Mais uma coluna que estreia hoje, com relatos de cenas e situações vistas ou vividas dentro dos acolhedores muros do Conde Rodolfo Crespi. Quem tiver boas histórias, envie para hamilton@juventus.com.br. Como diria Roberto Carlos, se não for nada imoral, imoral ou que engorda (exceto cannoli), eu publicarei.

sábado, 1 de setembro de 2012

O Dia em que virei Juventino - por Igor Miranda

Uma manhã de Domingo, meu Pai me acorda apressado.

Eu, sem entender, acordei, coloquei qualquer roupa e fomos para a Javari com um pessoal do meu prédio.

Chegando lá, uma fila até que grande, umas vans de transmissão, e eu ainda sem entender por que meu Pai me acordou cedo.

Entramos no templo, vi um senhor vendendo uns doces, logo, implorei pro meu Pai, mais ele não comprou.

Fomos para a lateral do campo, mais não conseguia enxergar 100% do campo porque eu era pequeno e o banco de reservas atrapalhava a minha visão. Manhã chuvosa, um Juventus x Grêmio Barueri, 0x0 e eu morrendo de sono, porém aquela torcida atrás do gol sempre pulando e cantando, queria ir pra lá, mais meu Pai provavelmente não iria deixar.

Intervalo de jogo meu Pai disse para esperar alí que ele ja voltava, enquanto isso fiquei sentado no setor 7 tentando desvendar o que aquelas faixas do setor 2 queriam dizer. Até que meu Pai voltou, com o doce! Até acordei quando ele chegou, comi assistindo aquele segundo tempo sonolento e sem gols.

Acabou o jogo e voltamos para a casa, depois daquele dia não voltei mais na Javari.


Até que em uma tarde de sábado, alguns anos depois, eu agora com 16 anos, voltei ao templo com umas amigas, meio forçado mas também curioso, voltando ao estádio que conheci há 4 anos atrás, procurei mas não achei o tal tio dos cannolis, o clima era melhor, ensolarado, e eu não estava com sono.

Até então nada diferente, até que veio a surpresa... fui para trás do gol, lá onde eu queria estar a 4 anos atrás, e desta vez, olhei as faixas de perto, entendi as musicas, e o melhor, gritei gol! 2x1 de virada! Contra o Grêmio Osasco.

Pronto, não queria mais sair, queria decorar as musicas, apoiar quando tomar gol, xingar o goleiro adversário, os reservas no aquecimento e os árbitros de perto, descer na pequena porém calorosa avalanche, subir no alambrado e tudo mais. Mal o jogo acabou e eu já saí do templo querendo saber quando seria o próximo jogo, cheguei em casa, e já corri pro computador pra ver a tabela e jogos do campeonato.

Passei a voltar sempre na Rua Javari, hoje sempre que posso vou assistir o Moleque Travesso, e já o tenho como um time de coração.


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