quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O patrocínio sumiu... mas já voltou

Na estreia do Juventus na segunda fase da Copa Paulista no dia 22/9, em São José do Rio Preto, enfrentando o alviverde da casa, o Moleque Travesso atuou pela primeira vez com o uniforme da Umbro limpo, sem patrocinadores (mais fotos do jogo aqui).



Até o momento, em todas as competições em que o Juventus se apresentou com o equipamento da tradicional marca britânica (profissional, sub-20 e futsal), a camisa levava pelo menos o patrocínio da Prevent Senior na frente.

Não se sabe o motivo que fez o time grená aparecer sem patrocínio neste jogo, que acabou vencido pelo Rio Preto por 1 a 0.

Já no dia 25/9, o Juventus derrotou a Ferroviária na Rua Javari atuando com duas camisas diferentes. No primeiro tempo, ela trazia apenas a marca do patrocinador "master" no peito.



Na etapa complementar, a camisa voltou a ser a mesma que o time principal vestiu ao longo do ano, com a marca da Prevent Senior e do energético Planet Energy Drink nas mangas.



A galeria completa de fotos da partida está no site do clube (clique aqui).

Se havia alguma preocupação sobre perda de investidores, ao menos por enquanto esta fica afastada, já que todos os logotipos voltaram ao uniforme normalmente.

fotos: Ale Vianna/divulgação C.A. Juventus

EM TEMPO
Agradecemos à assessoria de imprensa do C. A. Juventus pela divulgação do nosso texto sobre o jogador Nico.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Figurinhas: Nico, um operário

Em 1947 o futebol paulista já tinha se profissionalizado. Os atletas, os clubes e o público já tinham percebido que aquela história de amor à camisa havia ficado para trás, e quem pagasse melhor ou desse as melhores condições contrataria os maiores jogadores.

Por isso mesmo o jornal Mundo Esportivo chamou Nico, do Juventus, de "exemplo". Naquele ano, João Batista Chiereghim anunciara que iria pendurar as chuteiras. O médio esquerdo do Juventus foi titular de sua posição por onze anos. E nunca jogou em outro time, sendo essa, nas palavras do jornal, "sua mais interessante particularidade".



Nico nasceu no dia 14 de julho de 1916. Começou a jogar futebol aos nove anos, no campo de várzea do Oriente F.C.*, da Vila Prudente, o mais importante clube daquele bairro. Era ponta esquerda. Atuava, também, quando chamado, por outra equipe amadora, o Corinthians de Jundiaí, onde mudou de posição, passando a compor a linha intermediária.

Em 1936, o Juventus convidou Nico a se juntar a sua equipe de aspirantes. Foi promovido para o time principal seis meses depois, mas só passou a ser remunerado por jogar futebol dois anos depois. Isso mesmo. Nico atuou de graça até 1938, quando assinou seu primeiro contrato.

Nos primeiros anos com o Moleque Travesso, Nico passou a ser conhecido como Nico II, em razão da presença de outro Nico, mais famoso, meia direita que integrou a lendária equipe da "Máquina Juventina" em 1932 e foi o primeiro juventino a ser convocado para a Seleção Brasileira. Voltou a ser Nico após a aposentadoria do xará.

Seu único título foi o de campeão do Torneio Relâmpago de Inauguração do Pacaembu (no qual o técnico era o primeiro Nico). Mas ele se recordava com carinho de outro momento emocionante: um empate com o Corinthians pelo segundo turno do Campeonato Paulista de 1945. O Juventus perdia por 3 a 1 e conseguiu igualar o marcador.

O clube era, mesmo, parte da vida de João Batista Chiereghim. Desde 1929 era funcionário do Cotonifício Rodolfo Crespi, onde nasceu o Moleque Travesso. Estava satisfeito com o emprego e com a vida que levava. Disse que sentia particular admiração pelo Juventus e seu desejo era terminar a carreira ali. E nunca sentiu vontade de defender outra agremiação.

Simpático, calmo, gentil e muito popular entre os juventinos, gostava de basquete, não bebia, fumava moderadamente, não gostava de dançar e nem de jogar cartas. Sua principal diversão era o cinema. Acumulou, ao longo da carreira, apenas Cr$ 80 mil cruzeiros, valor suficiente para comprar uma casa e pagar das despesas do seu casamento. Nico, nas palavras do Mundo Esportivo, nada tinha de extraordinário.

Creio que ele tinha algo de extraordinário, sim. Driblou o profissionalismo e conseguiu conciliar o futebol com outra profissão, sem maiores ambições, e encontrou outra atividade que lhe remunerava e pôde lhe garantir uma vida confortável após mais de uma década enfrentando Brandão, Leônidas, Oberdan, Cláudio e outros...

Nico faleceu no dia 20 de julho de 2013, seis dias após completar 97 anos de idade. Em 2011, foi homenageado pelo clube. Aqui está ele ladeado por Michelle Gianella e Luciano Faccioli:


*o Oriente F.C. era um clube de várzea ligado à Manufatura de Chapéus Ítalo-Brasileira Oriente. Em 1934, a indústria foi comprada pela família Crespi e renomeada Capellifício Crespi, mudando-se também o nome do clube. Encerrou suas atividades em 1946.

fontes:
Mundo Esportivo, edições de 4 e 11 de julho de 1947
Glórias de um Moleque Travesso, de Fernando Razzo Galuppo, Angelo E. Agarelli e Vicente Romano Netto, editora BB.
Vila Prudente, do bonde de burro ao Metrô, de Newton Zadra, edição do autor.